Olá, pessoal. Hoje o blog entrevista a talentosa cantora e musicista Claudia Castelo Branco.
1 Cantora, compositora e que gosta de parcerias. Conte um pouco da sua história musical.
Minha história musical começou aos 5 anos, quando tive o primeiro contato com o piano. Desde então passei a estudar música diariamente. Sempre me interessei por composição, e quando ingressei na faculdade de piano também iniciei o curso de trilhas sonoras para cinema com David Tygel, tendo formado um grupo de composição para imagem chamado "Banda Sonora". No ano seguinte fui para os EUA estudar composição em Ithaca Colege (NY). Quando retornei ao Brasil, voltei para a UFRJ e entrei para o "Ofelex", grupo de criação e performance de música experimental eletrônica, onde conheci Bianca Gismonti. Ao mesmo tempo, iniciava as pesquisas de piano preparado e de ritmos brasileiros ao lado de Claudio Dauelsberg, que havia sido meu professor de piano popular na faculdade. A partir daí nasceu, em 2003, o PianOrquestra, grupo de música instrumental que explora o piano de forma não usual, onde permaneci até o fim de 2007. Dois anos depois veio o "Duo Gisbranco", um duo de pianos com repertório todo de música brasileira, algo que também não era muito comum. Em 2007 gravei o DVD "10 mãos e um Piano Preparado" (2007) com o PianOrquestra, em 2008 O CD "Gisbranco", que foi o disco de estréia do duo, depois o CD "Flor de Abril" (2011), com o qual fizemos turnês por toda Europa. A partir do lançamento deste disco eu comecei a me dedicar mais a canção, e lançamos o clipe da música "Serra do Céu", uma canção minha com letra de Marcos Campello. E começamos, eu e Bianca, a compor as músicas do CD "Pássaros" (2018) que acaba de ser lançado, todo com letras de Chico Cesar. Nesse intervalo também lancei, em 2016, o CD "Você na Nuvem", todo com canções compostas em parceria com Marcos Campello.
2 Nesses dez anos de carreira quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou?
As dificuldades de hoje são bem diferentes das que encontrei no início da carreira. Eu e Bianca passamos 3 anos tocando antes de lançar nosso disco de estréia. Isso ainda era possível, primeiro se estruturar e se conhecer, e o CD ser um registro daqueles anos juntos, algo mais concreto. Hoje em dia, existe a necessidade de ter um disco antes mesmo de ter subido no palco. Qualquer lugar que você queira tocar exige que você tenha disco lançado recentemente. Isso faz com que o artista, muitas vezes, registre um trabalho que não está amadurecido ainda. Eu sinto muito mais dificuldade hoje do que há 13 anos atrás, quando começamos. Sinto o mercado hoje muito mais fechado. Acho que a maior dificuldade que passei aconteceu nesses últimos anos, onde foi necessário um investimento muito alto para gravação de discos e ao mesmo tempo uma escassez de shows. Um momento em que o artista se pergunta se é possível continuar. Mas eu continuo acreditando que sim!
3 Seu timbre vocal lembra o da Roberta Sá. Quais são suas referências musicais?
A Roberta é uma das referências também, na verdade todas as grandes cantoras do Brasil me fascinam, cada qual com suas características. Minhas referências musicais são bem divergentes, sou admiradora profunda da música folclórica, regional e nordestina. Ao mesmo tempo também ouço muita música contemporânea, gosto de tudo que é experimental. E nesse meio do caminho aparecem cantoras como a Mônica Salmaso, Ná Ozzetti e Juçara Marçal, que são fontes de inspiração.
4 Fale sobre seu novo trabalho: Pássaros
"Pássaros" nasceu lentamente, eu e Bianca começamos a compor algumas canções com letras de Chico César, poesias que ele enviava pra gente, desde 2009 ficamos muito amigos. Depois de termos feito em torno de umas 5 canções, começamos a pensar em fazer um disco inteiro, mas a ideia foi se cristalizando aos poucos. Quando terminamos de compor as 15 faixas do disco, nos dedicamos a entender como funcionariam as canções com o acompanhamento do piano, como era esse diálogo. E também nos sentimos estimuladas a estudar canto, a nos conectarmos com a voz para poder dar vida a todos aqueles poemas. Esse disco gerou uma grande revolução na nossa forma de pensar a canção, na nossa forma de cantar, de tocar, de se expressar. Foi uma intensa pesquisa de quase 7 anos. Convidamos algumas participações especiais que foram essenciais: Mônica Salmaso, André Mehmari, Sérgio Santos, Jaques Morelenbaum, Eugênio Dale e Batista Jr. As gravações começaram em 2014 e terminaram em 2016. Tudo foi esculpido com muito cuidado, até a arte do disco, que ficou nas mãos de Luciane Nardi a partir de fotografias do Daryan.
5 Como foi fazer a trilha musical do filme Brinquedo Novo
Foi maravilhoso poder retornar a composição para imagem, e ao mesmo tempo fazer isso ao lado da Bianca, que pensa e sente muito parecido comigo. Foi um trabalho muito prazeroso e que gerou muitos bons frutos. O filme ganhou muitos prêmios.
6 Qual conselho você daria pra quem quer seguir carreira musical.
Sempre digo que deve haver um amor profundo pela arte, pois o caminho é realmente difícil. Não tem receita de bolo, cada artista vai encontrar o seu, e é por isso que é mais demorado do que uma carreira comum, como Direito ou Engenharia. Diariamente você "recalcula rota". Mas é muito recompensador.
E então, gente? Deu gostinho de quero mais? Para curtir o som mais novo da dupla, é só conferir o CD "Pássaros", na loja Distribo e, em breve, na Livraria da Travessa:
Até a próxima!
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