Como definir o espetáculo "Parem de falar mal da rotina", de Elisa Lucinda? Quem é essa mulher, ou melhor, o que é essa mulher, capaz de provocar na plateia transformações profundas, como se em duas horas fossem condensados 20 anos de terapia? Tudo no clima de uma conversa amiga, regada a doses cavalares de humor. Humor sério. Humor real. Humor verdadeiro. Não o besteirol destilado de zorras e faustos, mas a verdade cotidiana, tão nua e crua, e ao mesmo tempo repleta de possibilidades de interpretação e re-interpretação. De admiração e espanto, de revelação!
Ética com "E" maiúsculo. Ética como não se encontra definida no dicionário. Ética como algo que você só percebe quando Elisa te joga na cara as pequenas e as grandes corrupções do cotidiano, da história do Brasil, da natureza humana. Ética como a revelação da beleza possível por trás do véu de acomodação que toma conta da maior parte das consciências adormecidas deste país.
Humanidade real, tão em falta hoje em dia. Tão obliterada pela rotina de cegueira voluntária em relação ao outro. Como se, por não olhar, fôssemos capaz de retirar do mundo a existência do ignorado. Ignorado porém real, vivo como cada um da platéia, que passa então a ter a coragem de perceber a Vida em sua completeza, e de enxergar na rotina a grande matéria-prima com a qual podemos construir os sonhos que tanto merecemos como indivíduos singulares, e como coletividade que compartilha um mesmo tempo histórico.
Obrigado, Elisa! Pessoas como você são necessárias para que, de tempos em tempos, tenhamos a coragem e a alegria de despertar.
Atuação, roteiro e direção: Elisa Lucinda
Assistente de direção: Geovana Pires
Realização do Projeto: Poema
Temporada: 06 de Maio a 26 de Junho
Onde: Teatro Fashion Mall- sala 1- 2°Piso
Estrada da Gávea 899- São Conrado
Quando: Sexta a Domingo
Horário: 21:30 ( Sextas e Sábados) 20:00 ( Domingo)
Gênero: Único, extraordinário
Duração: Não vemos o tempo passar
Cotação: Deveria existir uma lei federal obrigando todos os brasileiros a assistir ao menos uma vez na vida.
* Agradecimentos especiais ao meu parceiro cultural Paulo Araújo
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